Rorschach e a Moralidade Absoluta: Até Que Ponto o Fim Justifica os Meios?

Rorschach e a Moralidade Absoluta: Até Que Ponto o Fim Justifica os Meios?

À primeira vista, Rorschach, o vigilante mascarado de Watchmen, pode parecer apenas mais um herói sombrio em busca de justiça. Contudo, ao mergulharmos em sua história, descobrimos que ele é muito mais do que isso. Diferente de outros heróis que transitam em áreas cinzentas da moralidade, Rorschach adota uma perspectiva absolutista: o bem e o mal são categorias fixas e inegociáveis. Mas será que essa visão rígida é realmente justa? Ou será que ela esconde uma falha fundamental na maneira como entendemos a moralidade?

E, mais importante, até que ponto o fim justifica os meios quando não há concessões possíveis?

Neste artigo, vamos explorar a moralidade absoluta de Rorschach e como ela se relaciona com conceitos filosóficos como o deontologismo de Kant e o utilitarismo.

Antes de prosseguir, é importante que o leitor tenha assistido ao filme Watchmen ou lido as HQs (Histórias em Quadrinhos) de Alan Moore para compreender completamente as nuances abordadas neste artigo.

Rorschach e a Visão de Mundo em Preto e Branco

Rorschach e a Visão de Mundo em Preto e Branco

Rorschach, cujo nome real é Walter Kovacs, é um vigilante que opera sob um código moral rígido. Conforme ele mesmo diz: “Não faço compromissos”. Para ele, o mundo está dividido entre o bem e o mal, e não há espaço para nuances. Por exemplo, em uma cena icônica da HQ, ele justifica suas ações brutais dizendo: “Homens ficam atrás de máscaras porque sabem que estão errados. Eu uso uma porque sei que estou certo”.

Apesar de fascinante, essa visão de mundo também é profundamente problemática. Rorschach assume o papel de um juiz severo, colocando-se como o árbitro definitivo do que é certo ou errado, ignorando as nuances e complexidades da vida real. Como um fanático, ele não hesita em abrir mão de tudo — até mesmo de sua própria vida — em nome de uma moralidade inflexível.

A Moralidade de Rorschach e o Deontologismo de Kant

A Moralidade de Rorschach e o Deontologismo de Kant

Assim como o filósofo Immanuel Kant, Rorschach acredita que princípios morais são inegociáveis. O deontologismo kantiano estabelece que ações devem ser julgadas pelo seu valor moral intrínseco, independentemente das consequências. Em outras palavras, mentir é errado em qualquer circunstância, pois a verdade é um princípio absoluto. De maneira idêntica, Rorschach rejeita qualquer noção de compromisso com a moralidade relativa.

Por exemplo, enquanto outros heróis em Watchmen aceitam concessões em nome de um suposto bem maior, Rorschach prefere morrer a compactuar com a mentira. Sua recusa em aceitar o plano de Ozymandias para evitar uma guerra nuclear global, mesmo que isso salvasse milhões, exemplifica sua crença inabalável de que a verdade e a justiça não podem ser negociadas.

A Ordem no Caos: Explorando as Contradições da Justiça

A Ordem no Caos Explorando as Contradições da Justiça

A realidade, contudo, raramente é tão simples quanto preto no branco. O próprio universo de Watchmen é construído sobre ambiguidades morais e dilemas éticos. Atualmente, vivemos em um mundo onde decisões políticas, empresariais e até pessoais frequentemente envolvem compromissos e concessões.

Por exemplo, na filosofia utilitarista de Jeremy Bentham, o critério de moralidade baseia-se na maximização do bem-estar geral. A proposta de Ozymandias em Watchmen se encaixa nesse modelo: ao sacrificar milhares, ele salvaria bilhões. Mas, para Rorschach, não importa quantas vidas sejam poupadas; matar inocentes para alcançar um objetivo, mesmo que positivo, é injustificável.

Esse embate levanta uma questão fundamental: é possível ser completamente justo em um mundo que exige compromissos? Se todo julgamento moral fosse tão rígido quanto o de Rorschach, haveria espaço para a convivência social ou para a construção de um mundo melhor?

A Justiça Pode Se Tornar Injustiça

 

Conforme observamos, uma moralidade rígida como a de Rorschach pode levar a consequências extremas. A justiça absoluta pode, paradoxalmente, gerar atos injustos. Afinal, ao negar qualquer concessão, o personagem impõe sua visão de certo e errado sem considerar nuances. Em última análise, isso o transforma não apenas em um agente de justiça, mas também nos alerta sobre os perigos de uma visão de mundo tão inflexível.

Dessa forma, podemos nos perguntar: Até que ponto estamos dispostos a ceder em nome do bem maior? Será que a justiça pode se tornar injustiça quando aplicada de forma rígida e sem compaixão? Por último, Rorschach nos desafia a encontrar um equilíbrio entre nossos princípios e a complexidade do mundo real.

Conclusão

Por último, Rorschach nos convida a refletir sobre a natureza da moralidade e da justiça. Embora sua crença inabalável em princípios absolutos seja admirável, ela também levanta questionamentos sobre os limites desse tipo de pensamento. Em um mundo onde a ética frequentemente opera em zonas nebulosas, talvez o desafio não seja apenas distinguir o certo do errado, mas compreender quando e como aplicar esses princípios sem comprometer nossa própria humanidade.

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